INFLUÊNCIAS NA FORMAÇÃO DO “GOSTO BRASILEIRO”
Resumo
Comer é instintivo, porém o que se come é uma construção histórica e cultural. Tudo relacionado a alimentação muito diz respeito do contexto social e das experiências pessoais que formam o paladar e as referências de conforto e prazer (JAQUES, 2021), por isso é importante compreender a tríade étnica da constituição do sabor brasileiro. O Brasil é um país colonizado pelos portugueses, que durante o processo de exploração trouxeram mão de obra escrava africana para a exploração das terras tropicais para o cultivo de monoculturas. O gosto brasileiro possui influência nativa indígena no manejo dos insumos locais e técnicas e temperos da gastronomia portuguesa e africana (CASCUDO, 2011). A gastronomia brasileira tem sua formação marcada por uma série de violações de direitos, pois os colonizadores se valiam de mão de obra aliciada ou escrava para trabalhar nas cozinhas, onde o saber culinário era português e as mãos executoras eram indígenas e africanas, que a sua maneira, também inseriam seus temperos e métodos nas preparações (LODY, 2008). Câmara Cascudo (2011) em sua obra História da Alimentação no Brasil demonstra a formação da identidade alimentar brasileira, reforçando a importância da influência indígena quando propõe ter sido uma jovem indígena a primeira cozinheira brasileira num modelo culinário português, que já demonstra um pouco da miscigenação da formação do gosto brasileiro, já que é um modelo de gastronomia europeia executada por uma indígena. Como conta a história, não demorou para que fossem trazidos africanos para o trabalho escravo que baseou o projeto de desenvolvimento econômico das novas terras no Brasil, sendo através das cozinhas que os mesmos penetraram de modo determinante na vida social e na família brasileira (LODY, 2008).
Diante deste contexto, como retratar em um serviço completo, entrada, prato principal e sobremesa, essa identidade de formação do gosto brasileiro? O presente trabalho traz um cardápio com ingredientes e técnicas presentes na gastronomia brasileira, reconhecendo a influência da cozinha portuguesa, indígena e africana. Será oferecido um serviço composto por entrada: pintado selado com creme de palmito e óleo de coentro; prato principal: nhoque de angu com queijo, glace de frango tostado e legumes, frango frito, quiabo selado e caviar de quiabo; e sobremesa: cuscuz baiano com creme português e coco tostado.
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PDFReferências
https://doi.org/10.5281/zenodo.14001787
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