GASTRONOMIA INDÍGENA: uma homenagem à raiz brasileira

Resumo

A concepção da cozinha brasileira forma-se a partir do momento em que os portugueses desembarcam em Porto Seguro, embora estivessem em busca das Índias. Pero Vaz de Caminha conta, em sua carta, que o primeiro contato dos indígenas com os insumos vindos da Europa foi quando dois tupiniquins foram convidados à entrar em uma das caravelas de Pedro Álvares Cabral e se depararam com insumos nuca vistos antes, como pão, figos, fartéis e confeitos. Não quiseram provar, nada os chamou atenção. Por outro lado, os colonizadores acharam curioso que não criavam gados e nem construíam lavras, apenas aproveitavam do que a natureza “lançava” a eles. Pescavam peixes com lanças que os próprios nativos produziam para caça e proteção. O que mais chamou atenção foi uma raiz em abundância, que primeiramente confundiram com o inhame, mas esta era mais comprida, a mandioca. Consumiam em forma de farinha, mingaus, beijus, bolos e denominaram-na “pão da terra”. As frutas e sementes também estavam presentes em todas as refeições, mas não chamaram tanta atenção dos portugueses a ponto de registrarem com detalhes (CASCUDO, 1967). As técnicas indígenas giravam em torno do fogo, comida crua não fazia parte de seu cardápio, o mais perto era semi crua. Assavam e cozinhavam seus alimentos em uma estrutura chamada “moquém” 3 , na qual os portugueses ficaram curiosos e viram uma semelhança com as grelhas europeias. Ralavam e espremiam mandioca no tipiti 4 para secá-la e assim fazerem farinhas nos fornos subterrâneos que construíam (CASCUDO, 1967). Diante disso, de que maneira os insumos e técnicas podem ser introduzidos na gastronomia contemporânea de forma a valorizar o sistema culinário indígena?

O objetivo desse trabalho é propor um prato que contenha insumos que são utilizados pelos nativos que ocupavam o território brasileiro, além de demonstrar técnicas inspiradas numa chef indígena valorizando essa cultura de raiz brasileira.