A CRÍTICA SOCRÁTICO-PLATÔNICA AO SUPERFICIALISMO NA EDUCAÇÃO

Resumo

Este trabalho está inserido na linha de pesquisa Filosofia e Educação, com a finalidade de discutir o problema do superficialismo presente na educação contemporânea, à luz de elementos centrais da paideia platônica. De cunho qualitativo e articulada por meio da leitura analítica de textos específicos, esta pesquisa aponta para a indagação a respeito do sentido mesmo da educação, sentido esse, que, na era contemporânea, parece ter perdido de vista seu princípio orientador da formação do ser humano enquanto tal. Nesta época, em que o pragmatismo e o imediatismo – além do convencionalismo e do relativismo – reforçam o teor superficial nas relações humanas em todas as dimensões, a Filosofia de Platão ainda emerge como apelo a um processo de educação integral. Esse processo é importante para a constituição ética, religiosa e política dos cidadãos e, especialmente, como constante estímulo à autonomia, afirmando que cabe a cada um o esforço para construir a polis ideal. Na busca pela solução de problemas deixados pelos antigos poetas épicos e dramaturgos e, posteriormente, pela filosofia sofista, Platão desenvolve uma nova teoria educacional (paideia). Ele a erige a partir de bases sólidas do pensamento de seu mestre Sócrates, naquela que, talvez, seja a sua principal obra: A República. É no livro VII dessa obra que o autor descreve em linguagem metafórica seu projeto filosófico-pedagógico, ilustrado pela chamada Alegoria da Caverna. Tal projeto é marcado pela intenção de libertar o ser humano do mundo das sombras da ignorância alienante e conduzi-lo à busca do verdadeiro conhecimento, capaz de constituir a interioridade do indivíduo, por meio dos valores e das virtudes. Essa intuição filosófica platônica oferece elementos férteis para iluminar e pensar a educação contemporânea.

Palavras-chave: Paideia. Superficialismo educacional. Platão. Filosofia. Educação Contemporânea.