Programa de Inclusão Social do Egresso do Sistema Prisional (PrEsp): resgatando vidas e reconstruindo caminhos na margem da sociedade

Caio de Alencar Mendes SILVEIRA

Resumo


O presente texto, baseia-se na metodologia e experiências vividas em estágio extracurricular no Programa de Inclusão Social do Egresso do Sistema Prisional (PrEsp) para apresentar uma discussão teórico-prática sobre a importância da psicologia em contextos de marginalização social, com destaque para a necessidade de escutar o sofrimento das margens da sociedade. O PrEsp, constitui-se como uma política pública social (Oliveira, 2012) do Estado de Minas Gerais que tem como proposta promover a prevenção à criminalidade através da reinserção social de egressos do sistema prisional. Para isso, esse programa pauta sua metodologia na Segurança Cidadã e Prevenção Terciária (Instituto Elo, 2013), utilizando ainda, de uma escuta acolhedora e da promoção de vínculos como ferramentas de intervenção direta em fatores sociais relacionados à violência e à criminalidade. Sendo assim, os estagiários, junto da equipe multidisciplinar de analistas sociais buscam, através das ferramentas citadas, acompanhar de maneira qualificada as vulnerabilidades e riscos sociais que perpassam a trajetória de vida daqueles que tiveram sua liberdade privada. A partir desse diagnóstico, busca-se traçar possíveis intervenções e práticas que fomentem o acesso a direitos sociais e jurídicos, visando promover, os meios para que os egressos do Sistema Prisional não reincidam no crime. Assim, o programa tem como principais frentes acolhimento psicológico; atendimento jurídico; assistência social. Dessa forma, busca-se em consonância com o usuário assistido – o egresso e seus familiares-, reconstruir sua cidadania que, não raros, fora perdida por um sistema de assujeitamento, que falha incessantemente em ressocializar o egresso. (Fagundes et al, 2017). Em Memórias do Cárcere, Graciliano Ramos (2008) compartilha um relato visceral e comovente dos impactos psicológicos e mentais que a prisão causou em si mesmo e em seus companheiros de cela. Não é incomum em diversas passagens de sua obra o autor explicitar a experiência brutal que marca a vivência no Sistema Prisional. Medo, incerteza, angústia, saudade, ,despersonalização, sofrimento emocional, degradação das condições de vida, desumanização, alienação são temas que permeiam àqueles que passam e

passaram pelo Sistema Prisional. Ao retomar a sua vida em liberdade, os egressos continuam a se deparar com um estigma social, que os exclui, os deixa à mercê da marginalização de uma sociedade que os lança à situações de vulnerabilidade social crítica. A vivência do estágio, enfatiza a importância de uma abordagem psicanalítica que vá além do consultório, Turriani (2019) e Broide (2006) corroboram com essa visão ao apontarem a necessidade de um fazer psicanalítico aberto para escutar os silêncios, as palavras não ditas e as vozes não ouvidas, da população marginalizada, defendendo que a escuta do inconsciente a partir do método de associação livre é mais que capaz para aprofundar o entendimento dos processos sociais de constituição do sujeito, contribuindo para a preservação da vida, construção de políticas públicas e programas de atendimento. O PrEsp cumpre na mesma proporção com seu papel social e formador, na medida que além de abordar as demandas de um público tão vulnerabilizada, o programa consegue auxiliar na formação integral e humanizada de seus estagiários.

 

 

Palavras-chave: Sistema Prisional. PrEsp. Prevenção a Criminalidade. Escuta.


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