Processo de orientação profissional: uma análise sócio-histórica

Leticia Souza Stoduto LOPES

Resumo


A orientação profissional é uma prática cada vez mais comum diante da crescente demanda de jovens ansiosos em relação aos processos de seleção para as universidades. A abordagem sócio-histórica de Vygotsky vem sendo uma das mais utilizadas para embasar processos de orientação profissional por não pretender realizar diagnósticos ou oferecer resultados como uma fórmula mágica de decisão. Em vez disso, seu propósito é fornecer condições para que a própria pessoa possa refletir e decidir, compreendendo amplamente as determinações de sua escolha. Isso envolve conhecer as identificações e discrepâncias entre o sujeito e a profissão, levando em conta a história do indivíduo e suas experiências singulares em relação à futura carreira. No Estágio Básico Supervisionado III, o objetivo é introduzir o aluno-estagiário na Clínica-Escola por meio da realização de entrevistas no Processo de Orientação Profissional (OP). Assim, visa auxiliar estudantes da rede pública e privada nas escolhas e tomada de decisão em relação à sua carreira. A OP com base na psicologia sócio-histórica enfatiza que o indivíduo se constitui nas relações sociais e com os outros. Durante o referido Estágio Supervisionado foi realizado o processo de OP com uma adolescente cursando o 2º ano do Ensino Médio numa escola particular. Os atendimentos ocorreram de setembro a novembro de 2023, totalizando 14 horas na clínica, 3 horas na elaboração do relatório psicológico, 4 horas nas correções de atividades e 36 horas de supervisão. Foram empregadas diferentes técnicas e estratégias durante o processo de OP, incluindo dinâmicas, observações e oficinas relacionadas à escolha, autoconhecimento, interesses pessoais, informações profissionais, mercado de trabalho e planejamento de futuro. Também foram aplicados testes de orientação profissional – como a Avaliação dos Interesses Profissionais. O processo de escolha profissional da paciente ficou mais evidente no primeiro ano do Ensino Médio, quando ela se preparava para o vestibular seriado, período em que ela expressou maior angústia e ansiedade em relação à decisão que teria que tomar no próximo ano. A partir da reflexão crítica e oficinas realizadas foi desenvolvido o senso crítico da orientanda em relação às suas escolhas e influências,

reduzindo os sintomas de angústia e deixando-a mais confortável na tomada de decisão. Diante dos resultados obtidos junto à orientanda, percebeu-se que o processo de OP ajudou a paciente na compreensão de seus interesses e habilidades individuais, possibilitando explorar opções de carreira e criar um plano de ação. Ressalta-se que ao aprimorar seu senso crítico, identificar seus valores e expectativas em relação ao futuro profissional tornou-se possível usar das habilidades de resolução de problemas e comunicação assertiva. À luz da psicologia sócio-histórica questionou-se suas internalizações mediante as relações sociais vividas. Em suma, a OP desempenhou um papel importante na vida da jovem em questão, e ainda pode ser útil a outros jovens inseridos em contextos em que a escolha profissional esteja gerando ansiedade. Conclui-se que esse processo é complexo e multifacetado, envolvendo aspectos subjetivos, sociais e históricos que precisam ser trabalhados de modo a promover uma consciência crítica diante do desafio de esclarecer dúvidas e tomar decisões.

 

 

Palavras-chave: Orientação profissional. Adolescência. Ansiedade. Tomada de decisão. Sócio-histórica.


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