O Lugar do Luto Simbólico na Era do Imediatismo: reflexões psicanalíticas

Gabriela Queiroz CALIXTO, Luciene Corrêa de Miranda MOREIRA

Resumo


O presente relatório pretende concluir a participação no Estágio Básico Supervisionado IV, em Triagem, oferecido no sétimo período do curso de Psicologia do UniAcademia, no período de agosto a dezembro de 2023, com atividades práticas realizadas na Clínica-Escola. De natureza interventora, o estágio proporciona um aprendizado prático, ético e profissional acerca dos princípios essenciais para a execução da triagem em Psicologia, visando possibilitar acolhimento e escuta qualificada. Isso inclui compreender a triagem como parte integrante do processo de cuidado em saúde mental, bem como reconhecer a importância de uma avaliação abrangente e completa das necessidades, permitindo a identificação dos diferentes níveis de gravidade do sofrimento psicossocial (Herzberg, 1996). Neste sentido, o presente trabalho visa abordar, sob uma perspectiva psicanalítica e por meio de revisão bibliográfica, a urgência contemporânea de se superar o luto, concentrando-se particularmente nas experiências desencadeadas por mortes simbólicas significativas (Campos, 2013). Entende-se que o luto pode estar relacionado a todos os momentos de perda, ruptura e frustração, especialmente no que diz respeito aos sentimentos de desesperança e falta de valor na existência. Essas situações, associadas à ideia da morte, provocam angústia, medo e desamparo, assim como uma perturbação na integridade do eu, exigindo, portanto, um processo de elaboração para reorganização. A cultura contemporânea, no entanto, tende a minimizar o tempo necessário para o luto, buscando soluções imediatas, o que pode resultar em complicações emocionais e médicas (Da Silva et al, 2019; Pereira; Pires, 2018). Nesse sentido, ressalta-se a experiência da estagiária junto um caso específico atendido na triagem, em que um jovem, após enfrentar múltiplas perdas, cogita o diagnóstico de um transtorno psicológico, uma vez que não se sente mais apto a realizar algumas tarefas da vida diária. Ao explorar este exemplo, pretende-se não apenas destacar a relevância do processo de luto simbólico, mas também realçar a importância de não apressar esse processo, em razão de envolver um trabalho psíquico gradual até que haja uma aceitação interna do que se perdeu, momento em que o psiquismo se reorganiza e o

sujeito inicia um exercício de ressignificação das relações, atividades e papéis que permaneceram. A partir disso, revela-se a necessidade de que os futuros e atuais profissionais da saúde mental se aprofundem nos estudos dos processos ligados às experiências pessoais de vida e morte, bem como às ansiedades despertadas diante da finitude. Os estudantes em formação devem manter uma cuidadosa atenção aos seus próprios sentimentos e pensamentos ao lidarem com o sofrimento relacionado a perdas, estabelecendo limites para uma melhor observação e escuta, tanto de si mesmos quanto dos outros (Ramos; Cirino, 2020). Portanto, considerando os impactos duradouros que uma abordagem apressada pode ter na saúde mental e no bem-estar emocional dos indivíduos, busca-se o reconhecimento da importância do respeito à elaboração dos conflitos emocionais provocados pelo sentimento de luto, e do processo de análise como facilitador desse caminho, ao proporcionar um ambiente seguro de acolhimento e compreensão.

 

 

Palavras-chave: Luto. Mortes simbólicas. Imediatismo. Psicanálise.


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