A MORENIZAÇÃO PREDOMINANTE NA LITERATURA INFANTIL: UM PROJETO DE APAGAMENTO DA IDENTIDADE NEGRA
Resumo
O objetivo deste estudo é discutir como as imagens ilustrativas da maioria dos livros infantis com temática étnico-racial, ou seja, livros que abordam a temática negra e apresentam personagens negras, reiteram o projeto oficial do “branqueamento do país”, cujas propostas foram levadas ao I Congresso Internacional das Raças, em 1911, pelo médico João Baptista de Lacerda. O projeto propunha um “apagamento” da raça negra, para, no curso de cem anos, tornar o Brasil um país branco. Acreditamos que este projeto, de cunho racista, deixou marcas profundas nas relações inter-raciais no Brasil, interferindo diretamente na forma como os negros são vistos e retratados. Desta forma, foi realizada uma pesquisa bibliográfica em cerca de trinta livros infantis com temática étnico-racial, dos quais selecionamos apenas alguns para exemplificar a predominância de ilustrações que trazem uma representação mestiça/morena em detrimento da negra retinta. Respaldamos nossa análise na teoria do “colorismo” e nas concepções de racismo e identidade apresentadas por Darcy Ribeiro e Nilma Lino Gomes. Apresentamos como uma conclusão possível que o racismo se faz presente na produção literária infantil, uma vez que predomina apenas um referencial de negritude baseado num modelo “morenizado”, suprimindo as representações efetivamente pretas. Consideramos também que a implicação desta prática recorrente pode comprometer a construção identitária das crianças negras e reforçar o preconceito racial ainda na infância.
Palavras-chave: literatura infantil. Identidade. Mestiçagem. Racismo.
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