REALISMO, ARTE FANTÁSTICA: AS RELAÇÕES ENTRE IMAGEM E MEMÓRIA COLETIVA A PARTIR DO ROMANCE CACAU, DE JORGE AMADO E GAIBÉUS, DE ALVES REDOL
Resumo
A possibilidade de curadoria dos episódios a serem rememorados ou comemorados sob uma perspectiva pública está intimamente ligada à legitimação dos interesses de grupos que estabeleceram sua hegemonia. Nesse sentido, o processo de produção de uma memória coletiva pretende funcionar como ferramenta política de legitimação de estruturas específicas de poder. Entretanto, qual o papel da arte na construção de imagens e saberes sobre um determinado tempo? O objetivo deste trabalho é discutir a estratégia realista de narrativa que embasou o romance neorrealista português Gaibéus, de 1939, e o romance regionalista brasileiro Cacau, de 1933, a partir das relações entre imagem, memória e a produção de conhecimento sobre um determinado tempo. O conceito de real, conforme definido no projeto de Jorge Amado e de Alves Redol, almejava uma capacidade de agência sobre as dinâmicas sociais. A função vislumbrada para a literatura de contribuir para a aceleração do tempo revolucionário através da produção de uma consciência de classe pretendia se situar no limite entre o documental e o ficcional, engendrando imagens capazes de alterar as formas de subjetividade, criando um efeito de presença de algo que se encontrava ausente. A produção desse efeito de presença retoma o debate iniciado por Platão sobre as relações entre memória e imaginação. Entretanto, na esteira do pensamento de Deleuze em Lógica do Sentido, o presente trabalho visa a discutir como a estratégia realista de escrita em meados do século XX reverbera com a potência do simulacro de estabilizar ou mesmo desarticular formas lógicas específicas consolidadas como saberes.
Palavras-chave: Memória coletiva. Imagem. Realismo. Jorge Amado. Alves Redol.
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