AQUILO QUE BORBULHA: UM MERGULHO NO INCONSCIENTE EM ÁGUA VIVA DE CLARICE LISPECTOR
Resumo
O presente artigo propõe uma análise interdisciplinar entre a obra Água Viva, de Clarice Lispector, e os conceitos de inconsciente em Freud e Lacan. O estudo explora como a escrita de Clarice reflete o fluxo de pensamentos inconscientes, abordando o indizível e aquilo que antecede o pensamento. O inconsciente freudiano, com seus conteúdos reprimidos que emergem por meio de sonhos, chistes, sintomas e atos falhos, é relacionado à obra Água Viva, em passagens que evocam um fluxo contínuo e não-linear do pensamento. Assim, a escrita da narradora, marcada pela expressão fluida e catártica, assemelha-se a uma constante associação livre. Em Lacan, o inconsciente é estruturado pela linguagem, um saber que escapa ao sujeito, refletido na linguagem poética e “faltante” de Lispector. A análise destaca a manifestação inconsciente através de uma escrita que tenta articular o que é impessoal, indizível e elusivo, destacando o "it", termo da autora que se assemelha ao Id freudiano e ao Real lacaniano. O estudo revela como é possível, através da escrita de Clarice, encontrar um campo fértil para a compreensão das manifestações inconscientes.
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