UM OLHAR PSICANALÍTICO SOBRE A PATOLOGIZAÇÃO E A MEDICALIZAÇÃO DA INFÂNCIA E OS DIAGNÓSTICOS DE TDAH NA INSTITUIÇÃO ESCOLAR

Júlia Maria Cerqueira Soares, Regina Cristina Coeli Aguiar Castelo Prudente

Resumo


O presente estudo discute a patologização e a medicalização da sociedade contemporânea, especialmente na infância e na instituição escolar, e como o processo de medicalização transforma questões sociais em problemas de saúde, atribuindo supostas inadequações de rendimentos e comportamentos a transtornos médicos. Isso ocorre devido à crescente influência da Medicina na vida cotidiana, associada à busca pelo bem-estar e à responsabilização individual pela saúde. No âmbito escolar, as crianças que não atendem às expectativas de aprendizagem, rendimento ou disciplina são, frequentemente, encaminhadas a profissionais de saúde com diagnósticos de Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), reduzindo a complexidade das questões educacionais a problemas individuais e biológicos. A medicalização é apontada como uma forma de desresponsabilizar a escola em relação às necessidades específicas dos alunos, apresentando-se como uma solução rápida e eficiente, em lugar de uma reflexão sobre métodos de ensino mais adequados. A psicanálise é apresentada como uma alternativa para compreender o mal-estar na educação, enfatizando que a completa ausência de conflitos psíquicos é inatingível. Assim, discute-se a ênfase do discurso biomédico na compreensão da subjetividade e a tentativa de promover a medicalização da dor existencial, inerente à condição humana. Dessa forma, será feita uma revisão de literatura sob o viés da psicanálise. Por fim, conclui-se que a instituição escolar necessita repensar o olhar para a infância, enxergando o sujeito para além de supostos diagnósticos, respeitando os diferentes tempos e modos de

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