TERMINALIDADE, MORTE E LUTO EM TEMPOS PANDÊMICOS

Vanessa Costa, Hila Faria

Resumo


A pandemia de Covid-19 teve início em março de 2020, na China. Rapidamente, a doença se espalhou pelos outros países do mundo e o número de pessoas infectadas e indo à óbito, aumentou. Medidas foram tomadas com o intuito de conter a disseminação, como distanciamento social, fechamento de escolas, universidades, bares, parques, isolamento de pessoas com suspeita de estarem com a doença e restrição de viagens e passeios. Consequentemente, essas restrições também se aplicaram ao acompanhamento de pessoas hospitalizadas, às comunicações de notícias difíceis e aos rituais de despedida. Os processos de elaboração do luto frente a tantas perdas também sofreram interferência do contexto pandêmico, uma vez que os rituais de despedidas e momentos no final de vida foram submetidos à adaptação e modificações, o que direta ou indiretamente, contribui para a evolução de lutos complicados. Sendo assim, o presente artigo tem como objetivos compreender de que maneira a terminalidade, a morte e o luto, da perda de familiares, foram e estão sendo vivenciados e elaborados durante a pandemia do coronavírus, seja pela morte em si ou pela iminência da mesma; compreender e conceituar terminalidade e morte e analisar os fatores que envolvem a vivência do luto. Ademais, objetivou-se também, estudar e analisar as estratégias de enfrentamento do luto no contexto da pandemia, observando como o mesmo está sendo elaborado e vivenciado por quem sofreu a perda de familiar devido à Covid-19. Trata-se de uma pesquisa de campo de caráter qualitativo. A coleta de dados foi efetuada no mês de abril de 2022, através de entrevistas semiestruturadas com pessoas que passaram pela perda de um familiar em decorrência do vírus da Covid-19. As mesmas foram gravadas e posteriormente, transcritas em sua integralidade. Os dados foram analisados através da análise de conteúdo, que objetiva alcançar, por meio de procedimentos sistemáticos e propósitos de descrição do conteúdo das mensagens, indicadores que possibilitam a conclusão de conhecimentos inerentes às condições de produção dessa mensagem. Os resultados apontam para a existência de impactos emocionais como medo, angústia, tristeza, raiva e solidão nos familiares, tanto ao receberem o diagnóstico de Covid, quanto no momento de espera por notícias durante o período da hospitalização, onde foi observada ainda a presença de sentimentos como insegurança, ansiedade e catastrofização da realidade. Além disso, também foi possível observar situações desfavoráveis para um luto saudável, como ausência dos rituais de despedia e oportunidade dos familiares despedirem-se. Repercussões emocionais de um luto complicado também se fizeram presentes, com a presença de sentimentos como arrependimento e culpa, mas também e a presença de importantes recursos de enfrentamento, como a espiritualidade, o trabalho e o suporte social.  

 

Palavras-chave: Psicologia da Saúde. Terminalidade. Morte. Luto. Pandemia.


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