DIÁRIO DE BITITA: O TESTEMUNHO NA OBRA DE CAROLINA MARIA DE JESUS

Resumo

Resumo:É notório que o campo literário brasileiro se configura como um espaço de exclusão, tendo em vista a maioria dos nossos autores reconhecidos serem homens, brancos, moradores dos grandes centros urbanos e de classe média. Na contramão desta realidade, a presente investigação tem como objetivo analisar a obra autobiográfica Diário de Bitita (1986), da escritora Carolina Maria de Jesus, mulher, negra e moradora da favela, sob a perspectiva testemunhal. Narradora da dura luta cotidiana de uma família negra brasileira, Carolina traça um panorama da sociedade e da exclusão de uma menina que luta para compreender e se posicionar frente a um ambiente repleto de injustiça social, preconceito e discriminação, desnudando os mecanismos que o conformam. Apesar da origem do testemunho estar relacionada ao aspecto jurídico e ainda não haver um consenso entre os estudiosos em relação a como lidar com ele no âmbito literário, constata-se que esse conceito tem contribuído para o debate sobre as relações entre escrita e exclusão social. A pesquisa investigou o caráter testemunhal e os aspectos da literatura periférica presentes na obra a partir dos referenciais teóricos de Gilles Deleuze e Félix Guattari, Érica Peçanha do Nascimento, Márcio Seligmann-Silva, Heloisa Buarque de Hollanda, Regina Dalcastagnè, Philippe Lejeune, entre outros, que dão suporte para os estudos e investigações propostos nesta dissertação. Os resultados permitiram reforçar a hipótese de que a literatura de Carolina Maria de Jesus pode ser caracterizada como uma Literatura de Testemunho e Marginal, valorizando a escrita de resistência da autora que apontam discussões emergenciais sobre quem são, como vivem e o que têm a dizer, as vozes sociais, até então silenciadas, que se fortalecem, cada vez mais, no campo literário nacional.Palavras-chave:Diário de Bitita;Carolina Maria de Jesus;Literatura Periférica;Testemunho