JOSÉ EUTROPIO: COM TODAS AS LETRAS

Resumo

Resumo:A recolha da produção noticiosa referente ao intelectual, jornalista, escritor, professor, músico e advogado, negro, José Eutropio (1884-1929), publicada no jornal Correio de Minas no período inicial de sua vivência juiz-forana é o objeto deste trabalho. Nascido no distrito de Boa Família, em Muriaé-MG, faleceu em Juiz de Fora-MG, para onde se mudou no ano de 1915, em decorrência de uma agressão sofrida, cometida por um delegado sabujo do chefe político muriaeense, Cel. Silveira Brum, a quem Eutropio criticava vigorosamente em sua atividade jornalística. Ao chegar em Juiz de Fora foi acolhido por Estevam de Oliveira, fundador e diretor do Correio de Minas, e seus filhos Inimá de Oliveira e Itagyba de Oliveira, redatores. O objetivo desta pesquisa é, com o apoio de outros textos teóricos que completam o corpus, demonstrar que o material recolhido pode ser considerado como um manto que busca proteger, por meio de adjetivação desbragada, o intelectual de sua própria negritude. Com base na análise do conteúdo das notícias, seu sentido, cotejando com o discurso e a prática intelectual da época, além dos desdobramentos da conjuntura política do pós Abolição e advento republicano, mais o frenesi desenvolvimentista da Juiz de Fora bellepoqueana, que acabara de fundar sua arcádia, a Academia Mineira de Letras, no rastro da modernização industrial que se seguiu ao surto cafeeiro, lançando mão da teoria da crítica sociológica, histórica e literária, comprovar que a tutela de Estevam de Oliveira e seus filhos resvalam para o embranquecimento literal de Eutropio, aqui chamado de eufemismo literário, uma exigência do racismo estruturante que organiza a sociedade brasileira e seus discursos de modo intemporal e pertinaz.Palavras-chave:José Eutrópio;Estevam de Oliveira;Racismo;Embranquecimento;Literatura Brasileira