Laudo de psicodiagnóstico infantil: A potência do Ludodiagnóstico
Resumo
Trata-se de processo de psicodiagnóstico infantil da criança Otávio (nome fictício), 10 anos, que procurou valorizar tanto o brincar da criança quanto o brincar do avaliador, a partir de uma visão winnicottiana, com vistas a garantir: maior vitalidade no comportamento lúdico e da comunicação com a criança, e, principalmente, o reconhecimento de sua liberdade para escolher suas formas de linguagem no estabelecimento da transferência no setting. Considerando-se a queixa principal (manifesta) trazida pela genitora na entrevista preliminar, que dizia respeito a problemas de comportamento, foram utilizadas as seguintes técnicas de ludodiagnóstico: entrevistas iniciais (genitora e casal); desenho livre; massa de modelar e areia; peças para montagem; colagem com recortes de revista; construção de marionetes; jogos lúdicos diversos, e, imagem corporal. O psicodiagnóstico infantil foi conduzido na Clínica Escola de Psicologia do Centro Universitário – UniAcademia, com sessões agendadas às quintas feiras das 17 às 18 horas. O período de atendimentos teve início em 25 de setembro de 2023 e foi concluído em 7 de dezembro de 2023, entre sessões de atendimento e plantões, com a realização de entrevista devolutiva. As reuniões de supervisão ocorreram às segundas feiras das 17h10 às 18h30. Uma vez apreendida a dinâmica familiar na sua correlação potencial com a queixa apresentada, foi possível perceber, a partir das técnicas utilizadas que Otávio possuía desenvolvimento cognitivo típico quanto aos itens inteligência, atenção e memória por meio das observações clínicas oportunizadas pelos jogos, desenhos. Na escolha de brinquedos e de brincadeiras não se mostrou dependente, com participação ativa, pouco dubitativa e sem irrupção brusca, caótica e impulsiva sobre os materiais. Se utilizava de linguagem apropriada durante as brincadeiras, com plasticidade e perseverança. Via de regra, na motricidade, apresentava adequação à etapa evolutiva que atravessava, inclusive, quanto ao deslocamento geográfico; à possibilidade de encaixe; à preensão e ao manejo de objetos; à alternância de membros; à lateralidade prevalecente; aos movimentos voluntários e involuntários; ao ritmo dos
movimentos (hesitação controlada e mediada, diversamente do que os pais informaram nas duas Entrevistas iniciais). Contudo, correlacionada à agressividade contida, a dificuldade de falar de si foi por ele verbalizada em mais de uma oportunidade, resistindo a narrar histórias acerca dos desenhos ou dos objetos que fazia. O comportamento problema foi se ressignificando no setting, permitindo a ele explorar a forma de organização e de manejo dos fenômenos internos introjetados em sua existência. Recomendou-se, no final do ciclo, a continuidade do acompanhamento analítico, com o objetivo de proporcionar à criança o espaço possível para que pudesse promover a expressão de seus sentimentos e de suas emoções, trabalhando aspectos da agressividade latente e do próprio processo de identificação. Diante da natureza das relações familiares e a influência que ela refletia na vida de Otávio, recomendou-se, ainda, um maior envolvimento da família no processo analítico, como forma de contribuir para o processo de identificação e de desenvolvimento emocional da criança. Iniciado em 2024 o processo analítico propriamente dito, houve desligamento da criança, por solicitação da mãe, em maio de 2024.
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