Para além das páginas: da edificação da Biblioteca Thais S. Acácio à prática do resgate da memória da história da loucura em Juiz de Fora

Rayane de Cássia REZENDE, Mariana Fontes Friaça da COSTA, Maria Antonia Bertelli de CASTRO, Carlos Miguel de LIMA, Isabela Barbosa ECAR, Yasmim Moreira JACINTHO, Laís Teixeira DUARTE, Bruno Quintino de OLIVEIRA

Resumo


O presente trabalho foi efetuado enquanto um relato de experiência ante a prática da Liga Acadêmica de Psicologia Social e Comunitária (LAÇO), projeto de extensão vinculado ao Centro Universitário UniAcademia, bem como a construção da Biblioteca de Saúde Mental de Juiz de Fora - Thais S. Acácio, realizada pelos seus membros no ano de 2023. A motivação para a construção da biblioteca urge da necessidade do resgate da memória histórica da loucura de Juiz de Fora e objetiva a consolidação de um rico material que poderá subsidiar futuras pesquisas e intervenções na área da saúde mental. Também, a partir da pesquisa, fundamenta-se um alicerce a prática dos ligantes perante as atividades de extensão presentes e futuras que tangenciam a inserção dos membros em ambientes como o Centro de Atenção Psicossocial - Álcool e Drogas (CAPS-AD) e no Plantio Solidário do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra. A atuação dos membros no projeto de extensão deu-se através da coleta de materiais digitais e físicos, como teses, trabalhos acadêmicos, notas técnicas, legislações, relatórios e notícias, culminando na elaboração do acervo digital Thais S. Acácio. A metodologia utilizada para construção foi a pesquisa documental, que consistiu em recolher produções acadêmicas que relacionavam-se com a saúde mental na região da cidade, digitalizá-las e disponibilizá-las na biblioteca construída. Na coleta de dados foram exploradas reportagens, teses, artigos, monografias e documentos que se conectassem com a história da loucura regional ou com o atual estado da infraestrutura da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), com foco no município de Juiz de Fora. A partir da perspectiva de Martín-Baró, propôs-se o resgate da memória histórica, possibilitando recriar identificações apagadas pelo colonialismo e a política de extermínio, fatores que afetam significativamente a saúde mental. Resgatar a memória é dever de uma psicologia popular, com o objetivo da libertação coletiva, salientando a importância dos modos de sobrevivência dos povos anteriores e potencializando suas virtudes que lhes permitiram resistir às suas condições

subumanas. Assim, a partir da construção do acervo, aliado à prática extensionista, salienta-se a legitimidade do diálogo proposto em função de melhores abordagens em saúde mental, a fim de lidar com os desafios encontrados no contexto da atenção psicossocial em um país de grandes proporções e com desigualdades socioeconômicas atenuantes. Espera-se fomentar a discussão acerca da participação de Juiz de Fora no contexto da saúde mental, em especial na Reforma Psiquiátrica, promovendo o acesso de materiais que podem auxiliar na compreensão do papel da cidade diante desse processo e implicar a necessidade de práticas sociais mais comprometidas com os pilares da reforma. Assim, torna-se possível apresentar, além dos muros da academia, o comprometimento com a Luta Antimanicomial e com o respeito à dignidade do sujeito em sofrimento mental, resultando, por exemplo, no convite de parceria com o CAPS-AD, que está em percurso em 2024. Diante do exposto, espera-se que o fazer da LAÇO seja subsídio para uma prática compromissada com a luta antimanicomial e com a história da comunidade juiz-forana, especialmente com o público marginalizado


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