Para além das páginas: da edificação da Biblioteca Thais S. Acácio à prática do resgate da memória da história da loucura em Juiz de Fora
Resumo
O presente trabalho foi efetuado enquanto um relato de experiência ante a prática da Liga Acadêmica de Psicologia Social e Comunitária (LAÇO), projeto de extensão vinculado ao Centro Universitário UniAcademia, bem como a construção da Biblioteca de Saúde Mental de Juiz de Fora - Thais S. Acácio, realizada pelos seus membros no ano de 2023. A motivação para a construção da biblioteca urge da necessidade do resgate da memória histórica da loucura de Juiz de Fora e objetiva a consolidação de um rico material que poderá subsidiar futuras pesquisas e intervenções na área da saúde mental. Também, a partir da pesquisa, fundamenta-se um alicerce a prática dos ligantes perante as atividades de extensão presentes e futuras que tangenciam a inserção dos membros em ambientes como o Centro de Atenção Psicossocial - Álcool e Drogas (CAPS-AD) e no Plantio Solidário do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra. A atuação dos membros no projeto de extensão deu-se através da coleta de materiais digitais e físicos, como teses, trabalhos acadêmicos, notas técnicas, legislações, relatórios e notícias, culminando na elaboração do acervo digital Thais S. Acácio. A metodologia utilizada para construção foi a pesquisa documental, que consistiu em recolher produções acadêmicas que relacionavam-se com a saúde mental na região da cidade, digitalizá-las e disponibilizá-las na biblioteca construída. Na coleta de dados foram exploradas reportagens, teses, artigos, monografias e documentos que se conectassem com a história da loucura regional ou com o atual estado da infraestrutura da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), com foco no município de Juiz de Fora. A partir da perspectiva de Martín-Baró, propôs-se o resgate da memória histórica, possibilitando recriar identificações apagadas pelo colonialismo e a política de extermínio, fatores que afetam significativamente a saúde mental. Resgatar a memória é dever de uma psicologia popular, com o objetivo da libertação coletiva, salientando a importância dos modos de sobrevivência dos povos anteriores e potencializando suas virtudes que lhes permitiram resistir às suas condições
subumanas. Assim, a partir da construção do acervo, aliado à prática extensionista, salienta-se a legitimidade do diálogo proposto em função de melhores abordagens em saúde mental, a fim de lidar com os desafios encontrados no contexto da atenção psicossocial em um país de grandes proporções e com desigualdades socioeconômicas atenuantes. Espera-se fomentar a discussão acerca da participação de Juiz de Fora no contexto da saúde mental, em especial na Reforma Psiquiátrica, promovendo o acesso de materiais que podem auxiliar na compreensão do papel da cidade diante desse processo e implicar a necessidade de práticas sociais mais comprometidas com os pilares da reforma. Assim, torna-se possível apresentar, além dos muros da academia, o comprometimento com a Luta Antimanicomial e com o respeito à dignidade do sujeito em sofrimento mental, resultando, por exemplo, no convite de parceria com o CAPS-AD, que está em percurso em 2024. Diante do exposto, espera-se que o fazer da LAÇO seja subsídio para uma prática compromissada com a luta antimanicomial e com a história da comunidade juiz-forana, especialmente com o público marginalizado
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