O fenômeno contratransferencial e a formação do analista: entre a teoria e a prática.
Resumo
O presente trabalho visa, por meio da articulação entre uma pesquisa bibliográfico-exploratória e a experiência prática de estágio, dissertar sobre a questão da contratransferência e a extrema relevância de o analista em formação compreendê-la. Neste sentido, primeiramente, foi realizada uma pesquisa com o intuito de compreender teoricamente este conceito: utilizando-se das contribuições de Sigmund Freud, Anna Freud e Melanie Klein. A partir destes autores, define-se a contratransferência como um problema para a correta condução da prática clínica, e que jamais pode ser ignorado na dinâmica de afetos presente na psicoterapia. Na medida em que a contratransferência pressupõe a projeção de percepções inconscientes do analista na compreensão do analisando, interpreta-se que tal elemento é nocivo na medida em que subverte o foco da análise deste para aquele. Em um segundo momento, apresentou-se o Método Esther-Bick como uma poderosa ferramenta, precisamente, para o contato do estudante com as suas manifestações contratransferenciais. Em relação a este, é necessária a observação de que a contingência pandêmica modificou as condições de realização do método. Isso, porém, de forma alguma invalida a proveitosa experiência explicitada. Compreendemos que o Método Esther-Bick foi a metodologia para a efetivação de parte da proposta do Estágio Básico, bem como o elemento central para a experiência prática com relação às reflexões teóricas realizadas, em supervisão, sobre a contransferência. Ambos os tópicos do trabalho, e suas respectivas fundamentações teóricas, são, portanto, exemplificados com a prática advinda do Estágio Básico realizado. As conclusões atingidas dizem respeito, majoritariamente, à contratransferência e à experiência da mesma como um fator que deve ser evitado na prática clínica em psicanálise — tanto Sigmund Freud, quanto Melanie Klein compreendem a contratransferência como um fator a ser percebido e barrado do setting terapêutico. Por outro lado, referencia-se o fato de que a contratransferência é um instrumento de autoconhecimento que pode e deve ser aprofundado pelo psicoterapeuta, seja na própria análise ou em auto-análises esclarecedoras. Se as manifestações contratransferenciais dizem respeito à pessoa do analista, de certo são conteúdos poderosos e significativos para a compreensão de si mesmo. Enfim, destaca-se a relevância da adoção da postura passiva e não-interventiva que o método Esther-Bick exige, bem como se reflete a respeito do incômodo experimentado nesta situação.
Palavras-chave: Contratransferência. Método Esther-Bick. Formação do analista.
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