Problematizando os caminhos da ciência: do paradigma dominante à crise para um (novo) paradigma emergente e suas contribuições para a Psicologia

Tarcísio Corrêa de Brito, Suzana Fátima Nascimento Cruz, Thiago Menezes Moreira, Renê Eberle Rocha, Rodrigo Bandeira de Oliveira e Silva, Paulo Ferreira Bonfatti

Resumo


O presente trabalho visa, por meio de um estudo bibliográfico-exploratório, abordar temas que se encontram conectados com as estruturas compreendidas no processo de surgimento, de maturação, de desenvolvimento e de crise do que compreendemos enquanto ciência e produção do conhecimento científico ocidental. As principais mutações sociais e revolução científica, a partir do século XVII, serão fundamentais para o surgimento do modelo totalitário de ciência moderna, seus princípios epistemológicos e suas regras metodológicas, forçando o ser humano a repensar a forma como até então se produzia o conhecimento científico. Referidas mudanças transformaram a percepção humana sobre o mundo físico, simbólico e principalmente psíquico. Paradoxalmente, a própria evolução do conhecimento científico, a partir dessas retromencionadas mudanças experimentadas, acabou por gestar uma crise (em si/ e para si), uma crise paradigmática dos ideais propagados pela modernidade. A partir dessa problemática buscamos refletir sobre os caminhos que conduziram da constituição à crise do paradigma científico que se consolidou entre os séculos XVII-XIX e suas inflexões com a evolução do pensamento psicológico. Considerando essa exploração inicial entre o paradigma científico dominante, a crise e o paradigma emergente, buscou-se explorar uma visão mais orgânica, ecológica, plural e sistêmica de ciência, entendida enquanto rede de fenômenos dinâmicos com grande poder de entendimento e de incorporação, principalmente, no que diz respeito ao reconhecimento e à instrumentalização das várias abordagens em psicologia. As contribuições para uma reflexão epistemológica no campo da(s) psicologia(s), portanto, são fundamentais. Podemos observar que o ideário de ciência e de sociedade desenvolvidos desde o século XVII, que condicionaram a separação entre mente e corpo, transformaram inicialmente o homem em máquina, o que permitiu sermos arremessados dialeticamente para um estado de anomia social e filosófica, contribuindo para a crise das ciências e da própria psicologia enquanto ciência então nascente derivada da filosofia. Prosseguindo nessa reconstituição, no caso das condições sociais que explicavam a crise do paradigma moderno, observou-se que o que a ciência adquiriu em rigor, perdeu em capacidade de autorregulação, principalmente, diante da aplicação utilitário-pragmática dos resultados da investigação científica - compromissária que permaneceu com determinados centros de poder político, econômico e social. Compreender essa trajetória tornaria possível problematizar, em uma dimensão interdisciplinar funcional, uma das críticas correntes que partiria do pressuposto de que determinados fenômenos psicológicos não seriam quantificáveis, no sentido de tornar a quantificação o foco de análise, e não uma ferramenta possível, não um fim em si mesma. O estudo contribui para que seja possível refletir sobre essas questões para que os estudos em psicologia possam ser realizados a partir de sua adaptação ao Zeitgeist e ao fim da própria ciência em torno da qual se constitui enquanto saber inclusive, a partir de suas próprias contradições.

 

Palavras-chave: Epistemologia. Psicologia. Paradigma

 

 


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