O psiquismo da mulher no período gestacional
Resumo
O objetivo desse trabalho foi observar o período gestacional e seu atravessamento no psiquismo da mulher. Devido a Pandemia, as observações ocorreram de forma remota, por meio eletrônico de grupos de gestantes. Também foram utilizados trechos de séries que abordam o tema. Após a realização das observações realizou-se entrevistas com gestantes primíparas e multíparas. As respostas coletadas apontaram para dúvidas, medos, expectativas, projeções, de acordo com a subjetividade de cada gestante. Elas se encontravam em períodos distintos gestacional. Foi feita uma análise das respostas com um viés psicanalítico, perpassando pelos textos de Freud, Winnicott, Raquel Soifer e Maldonado sobre o período gestacional. No decorrer dos nove meses gestacionais, ocorrem processos de transformação no psiquismo simultaneamente com mudanças corporais, acompanhando o crescimento do feto. Dessa forma, a mulher passa por adaptações aguardando a chegada do bebê. Apresenta regressões, ansiedades, projeções, afeto, desafeição, fantasias e expectativas em relação ao filho, que pode ser notada nas observações realizadas. As expectativas das gestantes oscilam entre positivas e negativas durante os três trimestres de gestação de natureza psicológicas, familiares, corporais e sociais. De acordo com a teoria psicanalítica a relação construída pela mãe e o bebê acontece antes do nascimento e que é de suma importância para a constituição subjetiva do bebê como indivíduo, pois para ser amado precisa ocupar o lugar no desejo do Outro. O desejo de ser mãe, acompanha algumas mulheres desde a infância, ao brincar de boneca como se fosse um bebê, a vivência do Complexo de Édipo e o desejo inconsciente de ter um bebê com o próprio pai. Ao se tornar mulher, esse amor objetal parental é transferido para um outro objeto que possa vir a ser seu parceiro. Os meios teóricos utilizados para a análise desse processo permitiram observar como a gestação é um período de desenvolvimento psicológico instável na vida das mulheres que almejaram ser mães. Precisam dar conta das mudanças físicas que ocorrem em seu corpo e ao mesmo tempo realizando uma reconstrução psíquica de seu desejo e de suas responsabilidades para com o bebê. De acordo com os relatos observados nos grupos de gestantes e entrevistas realizadas foi possível perceber que a existência de ansiedades, angústias, expectativas, sempre estavam presentes no medo de se tornarem mãe. Como cuidar daquele bebê? Virá um feto saudável? Perguntas que atormentam a futura mãe, as deixam ansiosas e alguns sintomas emergem. Os resultados encontrados apontam que tornar-se mãe é algo complexo, pois não se trata só de gestar, mas ocupar uma função de mãe. Exige uma adequação do psiquismo da mulher a nova função, e seu lugar social. A maternidade é vivenciada de formas diferenciadas pelas mulheres, pois dentro de sua singularidade as reações físicas e psíquicas são diversas. Isso foi confirmado pelas observações e entrevistas, indo de encontro ao que aponta a literatura.
Palavras-chave: Bebê. Gestação. Maternidade. Psiquismo
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