GOSTOSA, QUENTINHA, TAPIOCA: FORMA LITERÁRIA EM BENJAMIM, DE CHICO BUARQUE

Juliane Vargas WELTER

Resumo


Entendendo a literatura como palco de exposição de impasses externos, este trabalho busca analisar a literatura brasileira aliando forma literária e processo histórico-social. Para isso, investigaremos o romance Benjamim (1995), de Chico Buarque, a partir da posição do seu narrador em terceira pessoa e da tematização de seu protagonista atormentado pela culpa da delação na ditadura civil-militar (1964-1985). O movimento argumentativo se orientará a partir das discussões de Walter Garcia (2012) sobre a ciclicidade como forma na produção buarquiana e da teorização de Antonio Pasta Júnior (2013) sobre o ponto de vista da morte como um recorrente estrutural na literatura brasileira. Assim, pela nossa hipótese, o tempo cíclico como forma no romance engendra um eterno retorno sem fim e sem possibilidades de mudança, assim como o ponto de vista da morte revela um processo de ambiguidade que mescla discursos, pois emula na estrutura narrativa, no narrador e no personagem, impasses do nosso fim de século: passado recalcado e futuro impossível. Dessa forma, intenta-se refletir sobre a mediação feita pela literatura contemporânea que olha em retrospecto para o regime autoritário e problematiza a redemocratização, assim como investigar essa literatura entendendo-a como um novo momento da nossa história literária.


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