RELAÇÕES ENTRE LITERATURA E HISTÓRIA: CAMINHOS À FORMAÇÃO DO LEITOR LITERÁRIO DECOLONIAL

Resumo

No presente artigo buscamos demonstrar como a história e a literatura possuem uma base comum: seu caráter discursivo, gerado a partir da manipulação da linguagem. Desse modo, julgamos importante que os alunos, desde o Ensino Fundamental, aprendam que tanto a história quanto a literatura são discursos, produzidos por sujeitos assentados em um espaço-histórico geográfico e cultural que lhes condiciona a escrever de acordo a certos padrões e obedecendo a certas regras, sejam elas de ordem ideológica, política, econômica ou de interesse individual. Nesse intuito, consideramos que o ensino da literatura pode ser abordado desde uma perspectiva crítica, ampliando as leituras comuns e correntes com produções mais contemporâneas de cunho híbrido, crítico e descolonizador. Essas obras da literatura para jovens leitores, denominadas narrativas híbridas de história e ficção Santos (2023), aproximam-se do romance histórico contemporâneo de mediação Fleck (2017), o qual tem como premissa recontar a história a partir de visões periféricas em consonância com a vertente da história “vista de baixo”, Sharpe (1992). Ademais, apoiamos nossas discussões na teoria do romance de Lukács ([1965]2009;2011) e nos estudos decoloniais de Grosfoguel e Mignolo (2008). Concluímos, a partir deste estudo, que o trabalho inter/transdisciplinar – em especial nos possíveis diálogos entre história e literatura –, pode contribuir para a formação de leitores literários mais bem instruídos a respeito do seu passado de subjugação aos europeus e da manipulação da linguagem, enquanto instrumento ideológico de dominação.

Palavras-chave: Literatura. História. Romance histórico contemporâneo de mediação. Leitor literário decolonial.