JUVENTUDE EM REVOLTA: PAULO EMILIO SALLES GOMES ESCREVE DA PRISÃO

Maria Helena Vicente WERNECK

Resumo


O texto analisa cartas escritas entre dezembro de 1935 e fevereiro de 1937 pelo então jovem Paulo Emílio Salles Gomes, antes de se tornar o professor e o intelectual brasileiro reconhecido, dos presídios Paraíso e Maria Zélia, na capital paulistana, que abrigaram presos políticos da repressão do governo Vargas no contexto da Revolta Comunista de 1935. Parte da correspondência do autor, depositada no Arquivo que leva seu nome na Cinemateca Brasileira, as cartas enviadas da prisão passavam pela censura institucional e eram destinadas à mãe, a outros familiares e ao amigo Decio de Almeida Prado. Procura-se descrever, através da leitura de algumas cartas selecionadas, uma poética de escrita controlada, que se estrutura na prática de montagem de coisas e tempos diversos. Combinando pedidos impositivos de refeições e de livros, registram-se sensações de imediaticidade e de pensamento prospectivo. Também se narram as experiências de ação coletiva no presente estendido da prisão, como o Teatro Maria Zélia, para o qual o jovem escreve e encena Destinos, ao lado do esforço de formação de inteligência tanto para novos exercícios de estudo, como o que realizará sobre o cineasta francês Jean Vigo, quanto a prática da crítica e de política, no futuro. 

Palavras-chave: Paulo Emilio Salles Gomes. Correspondência. Escrita controlada. Montagens temporais. Teatro. Política


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