DO ESPAÇO À PÁGINA: A PERFORMANCE COMO PROCEDIMENTO DE ESCRITA COLABORATIVA

Resumo

Desde os anos 1950, diferentes grupos de arte e escrita conceitual, tais como os Situacionistas, o Oulipo e o Fluxus, fizeram uso de partituras, instruções e restrições como ponto de partida para a criação de suas obras. O presente artigo discute alguns experimentos de escrita colaborativa realizados em sala de aula a partir de uma inspiração nos processos de criação intermídia do Fluxus, grupo de artistas de nacionalidades múltiplas especialmente interessado na relação entre criação e pedagogia. Relaciona-se a performatividade pedagógica do Fluxus à noção de saberes situados, da antropóloga Donna Haraway. Ancorar a criação em partituras que geram montagens de textos concebidos coletivamente seria um modo de exer­citar modalidades de atenção e percepção em que os sujeitos praticam inteligên­cias múltiplas. Há uma aposta em epistemologias que desencadeiem funções cogni­tivas variadas e convoquem campos de saber interdisciplinares, com o intuito de recor­rer a um conjunto compartilhado de referências e ampliar o sentimento de pertencimento ao grupo.  

Palavras-chave: escrita conceitual, escrita colaborativa, Fluxus, pedagogia