A NARRATIVA PERFORMÁTICA DA CABULA, DE ALLAN DA ROSA E CONSIDERAÇÕES SOBRE A DIMENSÃO PERFORMÁTICA NAS ARTES DA PALAVRA PRETA E EDIÇÕES TORÓ

Resumo

Este artigo analisa o livro Da Cabula, do escritor Allan da Rosa, como uma narrativa performática sob a categoria de anúncio-denúncia, pautado em Beigui (2011), Ravetti (2011), dentre outros. Embasado na perspectiva de máquina performática, de Aguilar e Cámara (2017), a partir da dimensão performática proposta pelos teóricos, observa-se também o entrelaçamento entre prática artística e crítica, a aliança entre voz, corpo e atuação na produção literária de Allan da Rosa, que ultrapassa a perspectiva de atuação individual do artista alçando a sua voz, pois suas ações engendram uma proposta artística política de convocação de agenciamentos coletivos. Serão discutidas duas ações de articulação coletiva empreendidas pelo autor. A primeira ação, Artes da palavra preta, configura uma série de atividades de discussão de questões relativas à negritude, sob os mais diferentes matizes, mas principalmente atravessado pelas artes, fortalecendo / construindo redes de conhecimentos entre artistas e intelectuais negros, fazendo circular saberes milenares, em diálogo com novas percepções. A segunda, o Selo Edições Toró, é vista sob a perspectiva de ser uma proposta tecida a várias mãos, coletivamente construída, embasada por fundamentos, linhas e linhagens da negritude, um espaço para além da mera publicação dos textos de autores negros e periféricos. Assim, as atividades desenvolvidas por Allan da Rosa configuram estratégias de agenciamento político-cultural de fortalecimento da arte e da literatura marginal-periférica, fazendo-a circular, provocando reflexões, estimulando a crítica permanente desse fazer artístico, empreendendo uma tentativa de problematizar potencialidades da periferia, espaço do novo, de reinvenções e transformações.

Palavras-chave: Da Cabula. Narrativa performática. Estratégias de agenciamento político-cultural. Artes da palavra preta. Edições Toró.