SINAL FECHADO, DE CHICO BUARQUE (OU DE COMO NÃO SE CALAR)
Resumo
Considerando nosso período ditatorial brasileiro e a instauração da censura prévia em 1968, pelo AI-5, no governo Costa e Silva, nossa proposição, neste artigo, é examinar como o disco Sinal Fechado (1974), de Chico Buarque de Hollanda, reflete sobre este período da história recente do país, expressando uma narrativa de oposição e resistência política. Tendo suas canções censuradas de maneira sistemática, o compositor não tinha composições para um disco autoral, tendo de recorrer a outros compositores para cumprir o contrato com a gravadora Phillips/Phonogram. Os compositores escolhidos para figurar em Sinal Fechado são parte importante da formação musical de Chico, como Noel Rosa, Geraldo Pereira e Paulinho da Viola, e alguns, seus parceiros, como Caetano Veloso, Gilberto Gil, Toquinho, Vinícius de Moraes, Tom Jobim. Uma dupla, no entanto, chama a atenção: os irmãos Julinho da Adelaide e Leonel Paiva, sambistas de morro que alcançavam notoriedade aos terem o samba Acorda amor gravado por um compositor tão célebre. Acorda amor e outras canções do disco (Festa imodesta; Copo vazio; Me deixe mudo e Sinal fechado) acabavam por promover aquilo que Chico não podia naquele momento fazer: instituir um discurso de denúncia e oposição à ditadura.
Palavras-chaves: Chico Buarque; ditadura; censura; denúncia.
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