DISTINÇÃO TEÓRICA ENTRE AUTISMO E PSICOSE NA INFÂNCIA: UMA REVISÃO HISTÓRICA A LUZ DA PSICANÁLISE

Resumo

O presente artigo se constitui em uma revisão narrativa de literatura, visando explicitar as distinções entre autismo e psicose pela teoria Psicanalítica, perpassando pelo contexto histórico de suas estruturações e realizando um levantamento nosológico, utilizando como referência a literatura clássica e a contemporânea para explorar o tema. Inicialmente, apresenta-se o contexto histórico da psicose infantil, compreendendo o diagnóstico e estruturação dos sintomas descritos pelos Manuais Diagnósticos utilizados para tal (DSM, CID e CFTMEA); assim como a descrição do autismo e suas evoluções, inicialmente denominado Transtorno autístico do contato afetivo, por Kanner (1943), e Psicopatia Autística, por Asperger (1944). Com o desenvolvimento dos estudos acerca do tema, o autismo foi retirado do campo das psicoses, no ano de 1980, com o DSM III, e inserido nos Manuais Diagnósticos enquanto um Transtorno Invasivo do Desenvolvimento, até os dias atuais. O objetivo do presente artigo será levantar os pontos principais da teoria psicanalítica em torno da distinção entre autismo e psicose, embasando-se teoricamente em diversos autores psicanalistas e destacar a importância de ser cauteloso no diagnóstico clínico e seu tratamento, não se sustentando somente nas manifestações clínicas observáveis. Na tese da literatura clássica, a hipótese do autismo estar na “clínica diferencial das psicoses” é sustentada e defendida até a atualidade por alguns teóricos, junto da paranóia e a esquizofrenia, ressaltando que o diferencial no diagnóstico é tão somente a foraclusão. Ao passo que na concepção contemporânea, é possível identificar autores que defendam a hipótese do autismo se dar enquanto uma organização independente, salientando a diversidade dos fatores analisados, como a ausência ou pobreza de delírios e alucinações, sua evolução clínica e seu desencadeamento, o tempo da alienação do bebê e a precariedade da função materna, entre outros.