AS CLÍNICAS PÚBLICAS DE FREUD: UMA PROPOSTA PARA SUPERAÇÃO DO ELITISMO CLÍNICO
Resumo
O Brasil lidera o ranking mundial de ansiedade, segundo a OMS, obtendo o terceiro pior índice de saúde mental do mundo. Considerando ainda que 57,6 milhões de pessoas vivem com até 637 reais por mês, não é absurdo supor que a opressão e a desigualdade social são alguns dos responsáveis pelo adoecimento mental da população brasileira. A práxis psicanalítica pode ser uma forma de encontrar destino, tratamento para o sofrimento gestado pelo e no sistema neoliberal. Todavia, seus elevados custos restringem seus serviços a uma parcela da sociedade, limitando-se, por vezes, às elites econômicas e perpetuando a desigualdade social brasileira. Assim, é fundamental pensar em novas formas de acesso às populações marginalizadas a dispositivos clínicos. Essa constatação, apesar de revolucionária, não é nova: em 1918, frente à devastação causada pela Primeira Guerra Mundial, Freud apontava para a eficácia terapêutica que a técnica psicanalítica poderia alcançar através da popularização do seu acesso, convocando o movimento psicanalítico de sua época a uma jornada que culminou na criação de 12 clínicas gratuitas na Europa. Essas experiências de sucesso, porém, foram silenciadas pela ascensão do nazismo e legitimadas pela sistemática elitização da psicanálise. Objetiva-se, a partir da presente pesquisa bibliográfica, analisar os ecos da referida constatação em solo brasileiro. Destaca-se, por fim, a existência de coletivos de psicanálise que, implicados na mitigação do sofrimento sociopolítico causado pelo mal-estar neoliberal, reivindicam o posto institucionalmente recalcado da psicanálise enquanto um potente e significativo agente de transformação social.
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