O PENSAMENTO ALHEIO: POR OUTRO CAMINHO, COM O MESMO DESCARTES

Rodrigo Rodrigues Alvim da Silva

Resumo


Este artigo incide na reconstrução do itinerário dos escritos de René Descartes que lhe forneceu as condições para a intuição do cogito, para, a partir daí, declinar as suas conseqüências lógicas, fazendo com que estas, em seguida, retroajam no esclarecimento maior dessa res cogitans (deste algo “que duvida, que nega, que conhece poucas coisas, que ignora muitas, que ama, que odeia, que quer e que não quer, que também imagina e que sente”), confirmando-o ainda mais através das compreensões que os principais estudiosos da filosofia cartesiana têm dessa intuição do pensamento quanto à sua existência e à sua natureza. Espera-se que tal empreendimento nos permita, pela cadeia de um raciocínio rigoroso, superar, a partir das próprias obras de René Descartes, o solipsismo da consciência por ele mesmo estabelecido. Tal cadeia, em resumo, pode ser assim expresso: sendo a “vontade”, para o próprio René Descartes, uma das atividades do pensamento, ou seja, do “eu” do qual tenho evidência, o constrangimento desta “vontade” que sou é uma boa razão para concluirmos pela existência de pensamento além do meu, pois uma vez que “disponho” do mundo entendido como res extensa, aquele constrangimento só pode advir de  uma vontade distinta da minha, de uma “outra” res cogitans. Sendo assim, isto, que se contrapõe ao solipsismo instaurado pela filosofia de Descartes, ao mesmo tempo e paradoxalmente, dela se infere necessariamente.

Palavras-chave: Cogito. Solipsismo. Vontade errante.


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