HISTÓRIAS DE ADOECIMENTO: NARRAÇÃO DA ENFERMIDADE COMO DRAMA INTERIOR EM GRACILIANO RAMOS, JOSÉ CARDOSO PIRES E MIGUEL TORGA

GESSILENE ZIGLER FOINE

Resumo


Este trabalho tem por objetivo analisar as possibilidades e os limites que a linguagem oferece na representação da experiência do adoecimento a partir de relatos de autores que vivenciaram o drama da enfermidade. Dentro dessa perspectiva, realizamos a leitura dos contos Paulo e O relógio do hospital, de Graciliano Ramos; da novela De profundis: valsa lenta, de José Cardoso Pires; e do Diário XVI, de Miguel Torga; obras cujas escritas são fortemente permeadas pela vivência das enfermidades que acometeram seus autores, respectivamente, uma grave infecção abdominal, um acidente vascular cerebral, e um câncer terminal. O interesse pelas relações entre vida e obra vem sendo renovado nos estudos contemporâneos de literatura, uma vez que há forte expansão nas formas de exposição pública da intimidade, como os diários, os blogs e as autobiografias. Nesse sentido, tornou-se fulcral perguntarmo-nos sobre o que os modos de representação e construção da intimidade nos revelam sobre os próprios processos de produção de subjetividade, aquilo que o filósofo Michel Foucault designou como escritas de si. No que diz respeito, particularmente, às formas de escrita, interessa-nos compreender como os autores em questão transfiguram as vivências íntimas do adoecimento por meio da mobilização de um conjunto de técnicas narrativas, como o fluxo de consciência, a construção do duplo e o emprego de tropos linguísticos. Desse modo, buscamos refletir sobre os limites e fissuras que a representação da experiência do adoecimento impõe ao plano da linguagem.

Palavras-chave: Relatos de adoecimento;Narrativas modernas;Graciliano Ramos;José Cardoso Pires;Miguel Torga



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Referências


ALEX SANDRO MARTONI Orientador

EDMON NETO DE OLIVEIRA Docente

RODRIGO FONSECA BARBOSA Participante Externo

Data de defesa: 30/04/2021


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