PALAVRAS PALATÁVEIS: A POESIA E A GASTRONOMIA COMO INGREDIENTES NA OBRA DE CORA CORALINA

Resumo

Resumo:Anna Lins dos Guimarães Peixoto Brêtas (1889 – 1985), poeta e doceira goiana, conhecida no cenário literário nacional e internacional com o pseudônimo de Cora Coralina, foi levada à escola aos cinco anos de idade e cursou somente dois anos escolares. No entanto, as primeiras composições, a partir dos seus 14 anos, compuseram uma obra repleta de marcas memorialísticas, autobiográficas e gastronômicas intimamente relacionadas. Por força dos costumes da época, segundo os quais a mulher letrada, afeita à escrita, não dava boa dona de casa, Coralina viu-se impedida de continuar seus estudos, sendo encerrada no lar para o adestramento necessário e o proveito como mão de obra doméstica. A presente dissertação tem como objetivo analisar a relação estabelecida pela poeta entre o fazer literário e o fazer gastronômico como lugares de reelaboração da memória. Buscou-se examinar a hipótese de que a produção literária da autora elabora, por meio da relação entre literatura e gastronomia, experiências vividas, sobretudo no convívio familiar e social. Em seguida, buscou-se mapear as aproximações e as tensões entre as duas artes em textos que as tematizam. O corpus foi pesquisado e selecionado nas obras Poemas dos Becos de Goiás e Estórias Mais (1965), Meu livro de cordel (1976), Vintém de cobre-meias confissões de Aninha (1983), Estórias da casa velha da ponte (1985), O tesouro da casa velha (1989), Cora coragem Cora poesia (1989), Vila Boa de Goyas (2001), Cora Coralina: doceira e poeta (2009).Palavras-chave:Cora Coralina;Memória;Gastronomia;Goiás;Poesia brasileira