A IRONIA E O HUMOR NAS CRÔNICAS DE FERNANDO SABINO: DISCUTÍVEL LEVEZA NO COTIDIANO BRASILEIRO

Resumo

Resumo:A crítica literária, de forma costumeira, aproxima as crônicas de Fernando Sabino (1923-2004) mais do humor do que da ironia. A pesquisa procura evidenciar o contrário: a ironia está ao lado ou se sobrepõe ao humor e, consequentemente, o escritor mineiro deve ser considerado ironista tal qual outros autores renomados. Considera-se que o gênero crônica retrata o cotidiano em linguagem simples, informal e leve. No entanto, ao se empregar a ironia e o humor neste gênero, ele pode apresentar flutuações na caracterização, uma vez que a ironia pode produzir uma ambiguidade no enunciado, o que possibilita uma leitura dupla de sentidos pelo leitor (aqui entendido como coprodutor do texto) e, dessa forma, fica discutível a leveza mencionada. Assim, as flutuações podem relativizar a ironia e o humor, ou seja, a ironia pode ou não ser divertida, bem como o humor pode ou não ser irônico. Às análises das crônicas, agregam-se reflexões acerca do discurso politicamente correto na leitura atual dos textos selecionados, pois, na relação autor-texto-leitor coexistem discursos diferenciados (ou não) resultados de culturas plurais que interferem na compreensão do texto, e quando este possui a ironia, pode haver o comprometimento, uma vez que o discurso do politicamente correto pretende neutralizar a ironia. Da vasta obra do escritor mineiro, o corpus adotado inclui a coletânea As melhores crônicas de Fernando Sabino (1986), cuja seleção de textos deu-se pelo próprio autor; A companheira de viagem (2002), obra cuja primeira edição, fora autor e editor, simultaneamente; Livro aberto (2001), apanhado final de textos que ainda não fora publicado. Selecionadas 22 crônicas que possibilitaram retornar ao passado brasileiro e viagens a outros países, com costumes peculiares e alguns governantes ditatoriais.Palavras-chave:Ironia;Humor;Crônica;Politicamente correto;Fernando Sabino.