A CARTA QUE “CAMINHA” PARA CRÔNICA: O TEXTO DE PERO VAZ DE CAMINHA E O GÊNERO CRÔNICA DE VIAGEM

Resumo

Resumo:Este trabalho tem como objetivo analisar A Carta de Pero Vaz de Caminha (1999) considerando que o texto do escrivão português transita em sua composição entre os gêneros Carta e Crônica. Com intuito de apresentar a nova terra ao Rei de Portugal, o escrivão compôs um relato repleto de impressões que traduzem os sentimentos e as expectativas dos portugueses que seguiam em aventuras marítimas, dos nativos encontrados em terra recém-achada e também a sua própria interpretação das experiências vividas em mar e em terra- firme. O texto de Caminha dá voz ao imaginário da época das grandes navegações e desperta reflexões a respeito do primeiro contato entre os portugueses e índios, conforme as proposições de Sérgio Buarque de Holanda, Laura de Mello e Souza e Mary Del Priore. Além da leitura sob o viés historiográfico, esta pesquisa buscou traçar um paralelo entre a estrutura dos gêneros textuais Carta e Crônica estabelecendo um enfoque literário acerca da carta ao Rei D. Manuel. A abordagem teórica baseou-se nos estudos da Nova Crítica, introduzidos por Afrânio Coutinho, que estabeleceram os conceitos sobre gêneros narrativos e suas estruturas. Desse modo, nesta dissertação, o texto de Caminha foi analisado a partir de um enfoque transdisciplinar por ser entendido como fonte imprescindível para a História e Literatura Brasileira. Sendo assim, este estudo possibilitou a leitura da Carta de Caminha não apenas a partir de seus aspectos epistolares, mas também com as vertentes narrativas de uma crônica de viagem.