Estágio em Psicologia Comunitária em uma escola estadual de Juiz de Fora: relato de experiência.

Maria Antônia CASTRO, Isabela ECAR, Yasmim JACINTHO, Kíssila MENDES, Lívia REIS, Ana Clara REIS, Brenda REIS, Lauren SOUZA, Laura VIEIRA

Resumo


RESUMO:

O presente trabalho visa relatar a experiência de um Estágio Básico Supervisionado II, do Curso de Psicologia da Uniacademia, cujo objetivo foi fomentar espaços abertos de diálogos para as/os jovens em uma Escola Estadual em Juiz de Fora. A proposta de estágio surge da demanda vinda da escola para acolhimento psicoterápico e atenção à saúde mental para alunas/os do ensino médio. É importante ressaltar que o bairro onde está situada a escola possui forte estigma social atrelado à violência e à presença de conflitos relacionados ao tráfico de drogas, que atingem direta e indiretamente o espaço escolar. Compreendemos que, para além dos acolhimentos individuais, os quais, por vezes, podem se fazer necessários, a inserção de estagiário de Psicologia em uma escola deve partir de um olhar e também atuação para os determinantes mais amplos que atravessam essa instituição e geram o sofrimento e a demanda de acolhimento nesses alunos/as. Ademais, partimos da premissa de que a juventude apresenta potencialidades ímpares que devem ser apostadas coletivamente pela Psicologia visando a consciência individual e coletiva. Foram realizadas observações na escola durante os meses de setembro e outubro de 2022 e, a partir das observações e diálogo com os interesses e demanda dos adolescentes, construído um cronograma de atividades para o mês de novembro de 2022. As ações foram realizadas com alunas/os do Ensino Médio de Tempo Integral com a faixa etária de 14 a 18 anos. Demandas com temáticas relacionadas a sexualidade, gênero e raça apareceram como principais, bem como queixas em relação às emoções, comunicação, identidade grupal, resgate histórico, autoestima e confiança. Os alunos são jovens, majoritariamente, da cor preta ou parda, que apresentam históricos familiares de encarceramento e envolvimento com o tráfico, abuso sexual e diversas violências que lhe atravessam. Manifestam posicionamento político e estão inseridos em movimentos como o grêmio escolar e parlamento jovem. Possuem, também, um notável potencial artístico e se expressam por meio de grafites e desenhos elaborados, apesar de apresentarem dificuldade para se comunicar entre si. Percebe-se como as práticas mobilizaram questões que afetam diretamente e indiretamente uns aos outros, bem como o próprio espaço escolar, fazendo com que se fortalecessem e buscassem agir em coletividade. Foi possível concluir como é essencial que a escola trabalhe com as turmas noções grupais e de representatividades, para terem a oportunidade de melhorar seus vínculos afetivos e terem um espaço para se expressarem. Dessa forma, pode-se afirmar que a Psicologia tem a capacidade se ser crítica e negar o individualismo, o que permite o olhar coletivo sobre os jovens e as potencialidades inerentes à juventude. As intervenções propostas na escola tiveram como base e objetivo a promoção de uma conscientização crítica, a partir de reflexões sobre assuntos que atravessam a realidade dos estudantes, mas que, muitas vezes, acabam sendo ignorados pela dor e incômodo que causam.

Palavras-chave: Psicologia Comunitária. Estágio. Escola. Consciência.


Texto completo:

PDF

Apontamentos

  • Não há apontamentos.


 ANALECTA é um espaço para repositório de resumos e anais dos Congressos promovidos pelos cursos do Centro Universitário Academia. Juiz de Fora (MG).