Singularidades da envelhescência: ambiências, memórias e intervenções possíveis.

Tarcísio Corrêa de BRITO, Denise Mendonça de MELO

Resumo


Em uma perspectiva foucaultiana, os processos de subjetivação ocorrem no trabalho que os sujeitos desenvolvem sobre si mesmos, em determinadas fases de desenvolvimento biopsicossocial, na criação de (novas) formas de existência (de pensar, de sentir e de agir), em determinados contextos, pelo agenciamento de práticas e de espaços. O cuidado de si e a prática de si são potencializados mais em construções grupais em espaços horizontais (onde se permite a reflexão sobre si e sobre a relação com os outros), do que em espaços verticalizados. O objetivo geral da prática de estágio supervisionado III, que foi contexto e campo para o presente trabalho, foi o de ampliar a escuta clínica (formativa), no reconhecimento de novos espaços de atuação, por intermédio de dinâmicas de grupo, escuta de profissionais em uma instituição de acolhimento e uma associação locais e dos próprios residentes idosos.  Esse movimento possibilitou considerar o alcance transformador da promoção da saúde mental dos idosos como um fenômeno multideterminado construído a partir do social. Para a realização do presente trabalho foram realizadas 43 horas de acolhimento (individual e coletivo) presencial de idosos, com idade superior a 60 anos, em média, e dos profissionais de saúde por eles responsáveis, junto a uma residência particular de idosos situada na zona da Mata Mineira e a uma associação sem fins lucrativos  (comunitária) atuante na mesma localidade – que oferece espaço de interação para terceira idade. Pode se considerar que em espaços verticais e horizontais os idosos poderão, a partir das memórias reatualizadas, re(constituir) suas identidades no corpo que abriga histórias, potências e porvires. O que se pretendeu, na confluência entre a prática e o aporte teórico do trabalho, foi tentar compreender de que maneira os espaços verticalizados e horizontalizados nos quais a envelhescência faz enredo para os processos de subjetivação que neles se performam, contribuem para a evocação e a reatualização das memórias e a significação das próprias identidades. Afinal, compreender os contextos do ser e do envelhecer em uma ampla dimensão física, psicológica, espiritual e social se impõe como desafio para a escuta e para o acolhimento desses sujeitos. O trabalho permitiu, igualmente, a realização de extensa revisão bibliográfica sobre os temas memória e sociedade; psicologia e arquitetura; singularidades da envelhescência; e, mobilidade e affordance. Concluímos que as memórias reatualizadas pelos idosos nos atravessam e, acabamos por contribuir, nesse processo, para a sua evocação criativa. Se os espaços horizontalizados permitem um compartilhamento mais potente e integrativo, coletivo das histórias e dos relatos, o que contribui, nessa interação social, para um envelhecimento saudável e ativo, a adequação de espaços verticalizadas pode contribuir, sobremaneira, para suplantar o individualismo da estadia para o compartilhamento coletivo das experiências de vida. Afinal, os vários espaços nos convidam às intervenções e apresentam desafios que devem ser criativamente enfrentados pelos psicólogos.

Palavras-Chave: Envelhescência. Memória. Identidade. Subjetivação

 


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