Violência e Racismo: um olhar sobre a prática de violência contra negros no Brasil.

Andreia Monteiro Felippe, Elaine Cristine dos Santos, Jeane Yasmin Oliveira dos Santos Peres

Resumo


O estágio básico supervisionado I, intitulado “Observação de audiências e análise de documentários com temas relacionados à psicologia jurídica”, é oferecido no quarto período do UniAcademia, com a carga horária total de 54 horas, sendo 18 horas de prática e 36 horas/aula de supervisão. A proposta tem como objetivo analisar a interface entre o direito e a psicologia, observar a dinâmica de funcionamento de uma instituição jurídica, observar os aspectos psicológicos presentes em uma audiência, refletir sobre os fatores psicossociais que atravessam o judiciário e analisar o compromisso ético e social da psicologia diante do cenário que se apresenta nos casos jurídicos, além de estudar as temáticas relacionadas à psicologia jurídica. Diante dos temas discutidos ao longo do semestre, foi elaborado um relatório final de estágio com a temática “Violência e Racismo: um olhar sobre a prática de violência contra negros no Brasil”. O texto parte de uma breve descrição de conceitos pertinentes ao assunto, como: violência estrutural, a qual é fruto de comportamentos que se perpetuam no decorrer de gerações sem que fossem problematizados e questionados; violência coletiva; racismo e racismo estrutural que, segundo Almeida (2018), faz com que o racismo esteja impregnado na ordem social e se manifeste nas ações de indivíduos e nas instituições públicas e privadas. Adiante, é apresentado o percurso histórico da violência contra o negro, que contribuiu para a construção de uma sociedade racista, assim como suas consequências vividas na contemporaneidade. Na época colonial, início da escravidão, os sujeitos trazidos pelo tráfico negreiro, ao chegarem no Brasil, se depararam com condições sub-humanas de trabalho, sujeitos a formas cruéis de punição, tendo seus corpos objetificados: as mulheres usadas como amas de leite, sendo abusadas sexualmente, os homens usados para trabalhos pesados e as crianças abandonadas em abrigos, lugar em que muitos morriam. Na abolição da escravatura, negros foram liberados, na maioria das vezes, sem receber nenhum pagamento e tiveram sua mão de obra desconsiderada, sendo trocados por europeus e tendo sua imagem desqualificada socialmente (CAMARGO; ALVES; QUIRINO, 2005). Por conseguinte, atualmente, perpetua-se a desvalorização da mão de obra de pessoas pretas; o preconceito e o racismo atingem negros, independentemente de sua escolaridade e nível social. Ademais, observa-se um alto índice de mortes efetuadas pela polícia em intervenções, mesmo no período do COVID, quando havia pouca circulação de pessoas na rua, perfazendo cerca de 3.181 mortes, sendo que quase 60% das vítimas eram negros, o que evidencia uma imagem estereotipada do sujeito negro em nossa cultura (BBC NEWS BRASIL, 2021). Em contrapartida, movimentos de resistência vêm emergindo, como forma de enfrentamento a atitudes racistas e discriminatórias. Finaliza-se com os olhares construídos pelas discentes sobre a temática no decorrer do estágio, as quais reconhecem a importância de se expor e debater sobre o referido assunto, principalmente, vinda da perspectiva de sujeitos que experienciaram tais situações. Conclui-se que, para se construir um caminho para superação deste estigma sobre negros e pardos, é necessário, primeiramente, assumir que o Brasil é um país que tem o racismo em sua estrutura.

 

Palavras-chave: Negros. Racismo. Violência. 


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