O fantasma, o olhar e o desejo do analista: experiências formativas de observação a partir de Jacques Lacan.

Gabriel Aquino Nascimento Gabeira, Anna Costa Pinto Ribeiro

Resumo


O presente relato visou analisar conceitos de Jacques Lacan que circulam em torno dos problemas suscitados pela observação científica como parte da proposta de um estágio básico supervisionado do curso de graduação em Psicologia do Centro Universitário Academia. O estágio teve seu objetivo geral dividido em dois momentos: em primeiro lugar, a análise da contratransferência durante uma aplicação não ortodoxa do Método Esther Bick em praças públicas; em segundo lugar, a interpretação das observações a partir do dispositivo conceitual das teorias psicanalíticas do desenvolvimento de autores como Anna Freud, Margaret Mahler e Donald Winnicott. O foco desenvolvido aqui foi apenas o do primeiro momento, que se convencionou chamar de “observação contratransferencial”. Essa escolha pode ser justificada pelo deslocamento operado para uma extração francesa da teoria psicanalítica centrada na figura de Lacan, um certo distanciamento das concepções desenvolvimentistas e a natureza das questões evidenciadas pelas observações junto das ferramentas institucionais necessárias para a constituição dos estágios em Psicologia, como o anonimato durante as observações nos espaços públicos escolhidos, o lugar que o corpo do observador teria nas observações, o tipo de participação e interferência possível do observador naquilo que fora observado e a sensação de estar invadindo o espaço do outro ou de ser invadido. As contribuições de Lacan à práxis psicanalítica deram a sustentação teórica para a análise dessas questões, em especial com os conceitos de fantasma, olhar e desejo do analista. Ao tomar as crianças como objeto de observação na busca pelas próprias projeções narcísicas, fez-se necessário questionar a respeito do próprio estatuto da realidade com seu acesso fantasmático, sobre o narcisismo do olhar que diz de uma dimensão que escapa ao fantasma e da posição que o analista ocupa diante das questões transferenciais. A teoria psicanalítica abordada revelou-se fundamental para dar sentido às experiências vividas em campo, fazendo com que o estagiário fosse capaz de analisar o percurso de formação, as projeções narcísicas presentes em toda relação sujeito-objeto e as possibilidades que surgem no fazer clínico.

 

Palavras-chave: Lacan. Método Esther Bick. Estágio. Formação profissional. Teoria psicanalítica.


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