Contratransferência, Motricidade e desenvolvimento infantil.

Resumo

O presente trabalho tem como objetivo apresentar as observações realizadas no Estágio Básico Supervisionado I do curso de Psicologia do  Uniacademia, com bebês e crianças pequenas com seus cuidadores, para demonstrar a importância da habilidade de se observar para o analista em formação. Essas observações foram feitas principalmente em espaços abertos, como praças de Juiz de Fora, uma vez que a pandemia do COVID-19 impossibilitou que o estágio fosse feito em Instituição. Foi possível fazer algumas observações nas casas de algumas crianças, porém, essa dinâmica não foi tão utilizada pelos motivos apresentados anteriormente. As horas de estágio foram divididas em duas partes, sendo as primeiras 9 horas trabalhadas no conceito de contratransferência entre os estagiários, as crianças e seus cuidadores; a segunda metade das horas focou no fenômeno desenvolvimento psíquico da criança pequena. Como resultado de quase dois meses de observação foi possível experimentar a contratransferência por meio do método desenvolvido pela psicóloga e psicanalista Esther Bick. Neste método, as observações são realizadas, em um primeiro momento, sem o arcabouço teórico, apenas registrando as impressões, com o objetivo de se trabalhar com os conteúdos recalcados e com a associação livre. As horas de observação do desenvolvimento da criança possibilitaram a percepção de diferentes relações entre a criança e o adulto cuidador, além de diferentes desenvolvimentos corporais e psíquicos. Nesta fase, foi utilizada como base teórica os estudos da psiquiatra e psicanalista infantil americana Margareth Mahler. Dentro dessa perspectiva, foram observados exemplos de díades em situação naturalística, colocando em evidência as fases do desenvolvimento psíquico precoce normal teorizados por Margareth Mahler. Outro aporte teórico utilizado foi o da pediatra húngara Emmi Pikler, que possibilita evidenciar a diferença entre crianças que se desenvolvem com autonomia e liberdade daquelas que são superprotegidas pelos seus cuidadores. A partir da presente inspeção foi possível concluir que a livre motricidade não só sustenta o corpo físico, mas também tem papel fundamental na formação do psiquismo. Dessa forma, é de suma importância que o adulto cuidador permita que a criança seja ativa em seu processo de crescimento e desenvolvimento, auxiliando nos momentos necessários, mas deixando-a livre para colocar em prática as suas capacidades. Ao final, foi possível realizar diferentes análises de cada díade e tecer conclusões sobre o tema em questão, além de ter sido possível analisar, na prática, os conceitos estudados com o auxílio das supervisões.

Palavras-chave: Criança. Contratransferência. Observação. Desenvolvimento.  Motricidade.