Entre a beleza e a opressão: consequências do esquecimento histórico na revitalização do Porto Maravilha

Lara Fernandes, Maisa Ferreira, Catharina Souza, Thiago Berzoini

Resumo


A criação de novos museus junto a políticas de embelezamento de cidades para o aumento do turismo e o uso de espaços públicos podem acarretar muitas controvérsias sobre seu papel social. Um projeto que impacta na modificação da paisagem urbana, com inserção de novos equipamentos públicos, pode gerar processos de gentrificação. Ao mesmo tempo em que alguns proprietários de imóveis na região se beneficiam com as novas demandas de mercado, outra parte se vê obrigada a retirar-se devido à alta dos preços praticados. Assim, alguns equipamentos urbanos se tornam produtos de um processo de “urbanização turística” e integram a chamada paisagem turística ou paisagem cultural, um conceito que envolve a ideia de artificialismo e superficialidade, direcionados estritamente por uma visão de mercado (GODOY; LUNA, 2018). Essa abordagem puramente mercadológica de planejar um espaço urbano exclui muitas vezes a grande riqueza histórica do local de estudo e o impacto de suas modificações anteriores juntamente com o apagamento dessa história. Novas formas de apropriação do espaço se desenvolvem, com foco principalmente turístico, e gradualmente se cria a sensação de não pertencimento pelas comunidades da região que reduzem ou extinguem a utilização daquele local. Cria-se então uma barreira social invisível aos olhos em razão de uma paisagem cultural. Dessa forma, o trabalho pretende perceber como ocorreu o planejamento e implementação das obras, em uma parceria público privada, que modificaram a paisagem urbana do “Porto Maravilha” na cidade do Rio de Janeiro, com reflexões sobre os equipamentos urbanos instalados. Através de levantamento bibliográfico e análise da paisagem urbana, será realizado um paralelo entre a história do local, antigo Cais do Valongo - porta de entrada do maior volume de africanos escravizados nas Américas nas primeiras décadas do século XIX -, sua primeira reforma iniciada em 1843 e posteriormente sua reforma realizada em 2011. Neste contexto, o artigo seguirá pontuando aspectos positivos e negativos dos novos usos criados na região, o impacto na paisagem urbana e qual o papel do Cais do Rio de Janeiro como instituição pública na integração da comunidade. Assim, tem-se como objetivo provocar o pensamento crítico sobre o que é fomentado a ser lembrado e o que é fomentado a ser esquecido.

Palavras-Chave: Paisagem cultural, Cais do Valongo, Gentrificação, Revitalização.



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