O problema mente-cérebro: uma breve introdução

Monalisa Maria Lauro, Tarcísio Corrêa Brito, Aline Fátima Souza, Maysa Fabiano Ematné, Letícia Maria Borges Pereira, Viviane Nakayama Borges Vasconcellos

Resumo


O problema mente-cérebro há séculos é debatido por filósofos, mas foi Descartes quem o formulou pela primeira vez em termos modernos, ao sustentar uma descontinuidade essencial entre o mundo físico e o mental. Essa cisão inaugura uma das formas de se compreender o problema mente-cérebro conhecida como dualismo de substância. Apesar do dualismo interacionista de Descartes apresentar muitas dificuldades em sua sustentação, outras concepções dualistas – p.ex., paralelismo psicofísico, dualismo de propriedades – surgiram ao longo da história da filosofia e ainda hoje são reivindicadas por filósofos e admitidas em teorias psicológicas e neurocientíficas. Em direta oposição ao dualismo, na atualidade também é possível observar um crescente entusiasmo com as promessas do monismo materialista, que, em suas diferentes versões – p.ex., materialismo reducionista, materialismo eliminativo, funcionalismo – sustenta uma realidade puramente material para os fenômenos mentais. Com relação às concepções materialistas, podemos notar que, apesar do notável avanço tecnológico nos estudos anatômicos e fisiológicos do cérebro, elas têm-se deparado com importantes dificuldades metodológicas e teórico-conceituais, especialmente quando se trata de explicar como uma atividade neural resulta em uma mental ou torna-se uma experiência mental em si. A partir da constatação de que o estado atual de conhecimento sobre a natureza dos fenômenos mentais está longe de ser conclusivo, um reexame do problema mente-cérebro parece indispensável e fundamental para a psicologia, que tradicionalmente define-se como uma ciência da vida mental. Nesse sentido, o presente trabalho – como parte do Grupo de Estudos ‘O problema mente-cérebro na história da psicologia’ – objetiva apresentar as principais abordagens do problema mente-cérebro, evidenciando seus principais pressupostos, assim como suas evidências empíricas e limitações. Em sua execução, optou-se por uma análise conceitual de textos clássicos e recentes na área de História e Filosofia da Psicologia e da Filosofia da Mente. Com isso espera-se mostrar a complexidade inerente à investigação da natureza da vida psíquica e sua relação com o cérebro, e ressaltar a necessidade de constante articulação de achados científicos e reflexões histórico-filosóficas nessa área. 

 

Palavras-chave: Problema Mente-Cérebro. Filosofia da Mente. Psicologia.


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