Costura da Vida: tecendo encontros virtuais e afetivos em Psicologia Comunitária

Conrado Pável de Oliveira, Bruna Damasceno Furtado, Jhenyfer da Cruz Lopes, Vitória Barbosa Mancini, Felipe Peixoto Piobelo, Fernanda Zeloschi

Resumo


Costura da Vida é um projeto que surge diante da impossibilidade de ir a campo, de estar com os outros e de ensaiar práticas em Psicologia Comunitária de forma presencial, tendo em vista o agravamento da pandemia de COVID-19. As inquietações dos(as) estudantes com os rumos da prática de estágio e o desejo de construir espaços de encontro - os possíveis, já que vivemos um momento marcado pela imposição de medidas de distanciamento físico - contribuem para a construção desse projeto de produção de laços virtuais. As atividades realizadas durante o Estágio Supervisionado Específico III - Ênfase B do curso de Psicologia do UniAcademia, têm como objetivo tecer encontros virtuais e afetivos em Psicologia Comunitária. Os encontros vêm sendo realizados de forma remota através de uma plataforma de videoconferência e são abertos a toda comunidade. O principal intuito desses encontros é o de proporcionar um espaço de acolhimento, reflexão e troca, promovendo relações em tempos de distanciamento e a criação de redes de apoio e de solidariedade, onde a partilha de sofrimentos e vivências podem levar a reflexões essenciais sobre as trajetórias de todos e de cada um. Em um primeiro momento, a metodologia utilizada é a da Roda de Terapia Comunitária que se dá em formato de rodas de conversa que seguem o seguinte sentido: os participantes se apresentam; partilham suas vivências, angústias e sofrimentos; discutem as questões trazidas, elencam aquela que mais ecoa pelo grupo e pensam as possíveis estratégias de enfrentamento. Essa metodologia poderá - e deverá - passar por transformações de acordo com as demandas e anseios dos sujeitos que participarem de cada encontro, priorizando sempre intervenções que produzam esse espaço de troca e construção coletiva. O primeiro encontro aconteceu em abril e contou com a participação de cerca de 33 pessoas, das mais diversas, que puderam se encontrar uns com os outros - ainda que virtualmente - para dizer de si e para ouvir do outro, para trocarem, se acolherem e construírem relações, reflexões e sentidos. Fez-se possível observar no primeiro encontro os plurais sentimentos que emergem perante o contexto sociopolítico do país. Nesse sentido, o tema da pandemia foi o pilar das trocas e discussões sobre como tal experiência tem suscitado novas percepções acerca da vida em sociedade, dos modos de atravessar as angústias, mobilizar ações coletivas e redes de esperança, assim como refletir as relações que o ser humano tem construído para com o planeta. O nível de participação e interação que foi sendo construído nos momentos da roda, a partir dos distintos relatos dos(as) participantes, fez demonstrar o quanto o sentimento de identificação e envolvimento afetivo vivenciado singular e coletivamente. Dessa forma, consolidar o lugar e a importância também da prática online das intervenções psicossociais, capazes de criar espaços outros de apoio e solidariedade para compartilhar sofrimentos e fortalecer vínculos sociais que valorizam a subjetividade humana e suas potencialidades de sonhar e criar o mundo.

Palavras-chave: Psicologia Comunitária; Pandemia; Acolhimento; Afetividade

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