Departamento de Saúde da Mulher, Criança e Adolescente. Ambulatório de Gênero Dissidentes

Fernanda Burack Costa, Hila Martins Campos Faria

Resumo


O presente trabalho faz partes das atividades realizadas na disciplina Estágio Supervisionado Específico, do curso de graduação em Psicologia, do Centro Universitário - UniAcademia, realizado em parceria com o ambulatório de Gênero Dissidentes alocado no Departamento de Saúde da Mulher, Criança e Adolescente (DSMCA), ambos localizados na cidade mineira de Juiz de Fora. O estágio teve como objetivo geral ofertar assistência psicológica aos usuários do ambulatório voltado a pessoas com variabilidade de gênero no Departamento de Saúde da Mulher, Criança e do Adolescente. Os objetivos específicos foram proporcionar um espaço de escuta clínica; oportunizar a elaboração da angústia por meio da palavra; possibilitar a melhora da qualidade de vida do usuário; promover, através do contato do sujeito e seus fenômenos psíquicos um escoamento de libido; e favorecer o vínculo do usuário ao serviço de saúde, tal como a adesão ao seu tratamento. A partir do referencial de clínica ampliada, em consonância com os princípios norteadores do SUS, em um modelo de assistência de bem estar biopsicossocial, buscamos oferecer atendimento clínico terapêutico para os usuários do ambulatório. O trabalho se deu através de uma perspectiva psicanalítica, visando proporcionar um espaço de escuta no contexto de saúde para jovens a partir de 18 anos que buscaram tratamento ambulatorial para hormonização no DSMCA. Foram realizados quatro (4) plantões de acolhimentos psicológicos presenciais, totalizando doze (12) horas no serviço de saúde. O resultado desses plantões foram quinze (15) acolhimentos, com a captação de quatro (4) pacientes para um acompanhamento semanal remoto, que foram supervisionados pela professora responsável pelo referido estágio. O tempo integral de atendimentos remotos e elaboração dos registros foi de vinte e oito (28) horas. Já a supervisão do estágio totalizou trinta e seis (36) horas. Através dos atendimentos remotos, observamos um certo nível de esvaziamento da angústia dos sujeitos ao trocarem a sensação do sofrimento pela inadequação corporal pela linguagem, ou seja, ao nomearem o que outrora era apenas vivido (ato) no corpo por meio de sua negação, os pacientes demonstraram alívio pelo escoamento de libido. Desta forma, constatamos que a assistência clínica foi um facilitador para uma elaboração subjetiva, dando vazão à energia psíquica que por vezes inundava o sujeito, fazendo-o afogar em suas próprias emoções e sentimentos, levando-o para o fundo do poço existencial: o desamparo. Em suma, buscamos com esse trabalho ofertar um local seguro e uma escuta qualificada para que o sujeito pudesse definir em palavras, o que durante muito tempo de sua vida ele não tinha nem palavras para definir.

 

Palavras-chave: Psicologia da saúde. Transgênero. Atendimento psicológico.  

 


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