Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT): reflexões sobre intervenção lista de valores e prioridades

Ana Paula Nery Batista Barroso, Thais Cristina Pereira Ferraz

Resumo


O presente trabalho faz parte das atividades realizadas no Estágio Específico Supervisionado, do curso de graduação de Psicologia do Centro Universitário UniAcademia. As reflexões descritas são referentes aos atendimentos clínicos de dois clientes, que tiveram início em seu atendimento  no segundo semestre de 2020. O acompanhamento psicológico fundamentou-se nos princípios da análise comportamental clínica, segundo a proposta das Terapias Comportamentais Contextuais, com destaque para Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT - acrônimo de Acceptance and Commitment Therapy) (HAYES; STROSAHL; WILSON, 2012). O raciocínio clínico analítico-funcional estabelece que as intervenções são baseadas na análise funcional de cada caso, indicando quais repertórios devem ser o foco do trabalho terapêutico com cada cliente específico (ASSAZ et al., 2018). Para a ACT, um dos critérios para o direcionamento do processo psicoterápico e avaliação dos progressos são os valores do cliente (ASSAZ et al., 2018). Assim, no contexto dos valores do cliente, são estabelecidos o sentido a intervenções da ACT (HAYES; STROSAHL; WILSON, 2012). Valores são descrições verbais de reforçadores que apresentam três características: descrevem consequências reforçadoras positivas naturais às ações; são contínuos, dinâmicos e progressivos; e, são produtos de escolhas livres, ou seja, não estão sob controle de consequências sociais arbitrárias (WILSON; DUFRENE, 2009). Valor é qualidade de ação considerada importante e que orienta o curso da vida. Contudo, déficits no repertório de autoconhecimento, bem como história de contingências marcada por controle aversivo e/ou controle social podem dificultar a sensibilidade aos valores. Estes aspectos foram observados em cada um dos clientes. Assim, avaliou-se a pertinência da adaptação de estratégias terapêuticas direcionadas para redução da esquiva experiencial. Para tanto, levantou-se o recurso “Lista de Valores e Prioridades” de Linehan (2018). Este instrumento consiste em um questionário composto de cinquenta e oito sentenças, as quais estão divididas em quatorze domínios da vida, a saber: cuidar dos relacionamentos; fazer parte de um grupo; ser poderoso e capaz de influenciar outras pessoas; realizar coisas na vida; viver uma vida de prazer e satisfação; manter a vida repleta de eventos, relacionamentos e coisas emocionantes; comportar-se respeitosamente; ser autodirigido; ser uma pessoa espiritualizada; manter-se seguro; reconhecer a bondade universal de todas as coisas; contribuir para a comunidade mais ampla; trabalhar no autodesenvolvimento; ter integridade. Além destes, a ferramenta oferece a alternativa de acréscimo de outros valores. A adaptação da aplicação desta ferramenta consistiu em ler a frase para o cliente e perguntar se era considerada importante. De acordo com a resposta dada, foram desenvolvidas reflexões e interpretações sobre pontos importantes da vida dos clientes. Observou-se que o uso deste recurso, aliado a intervenções direcionadas para outros processos clínicos centrais, proporcionou a criação de contexto evocativo para expressão de sentimentos e de relatos sobre eventos aversivos. Como resultados desta intervenção, destacam-se avanços no processo psicoterápico: identificação de quais valores os clientes gostariam de desenvolver na direção de uma vida mais significativa, identificação de padrões comportamentais de fuga-esquiva, melhoria nas habilidades de reflexão e interpretação, aprofundamento do vínculo terapêutico, maior engajamento no processo, maior predisposição para mudança.

 

Palavras-chave: Análise Comportamental Clínica. Terapia de Aceitação e Compromisso. Esquiva experiencial. Lista de Valores e Prioridades.


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