Psicologia e cinema: contribuições da interação entre a teoria cinematográfica e a História da Psicologia Cognitiva para a prática clínica

Resumo

Filmes são símbolos que contêm significados, sendo criados por cineastas e recebidos pela audiência. Eles retratam relações pessoais e a própria vida em sociedade; geram reflexões profundas e promovem mudanças em nossas próprias escolhas e nos auxiliam a superar nossos próprios desafios existenciais. Desde a emergência das ciências cognitivas, na segunda metade do século XX, sedimenta-se a ideia de que a linguagem humana é uma verdadeira janela para as investigações cérebro/mente. Pode-se afirmar, portanto, que os filmes têm sido utilizados de maneira exitosa como técnica psicoterápica e como instrumento para o ensino, em diferentes ambientes educacionais e clínicos, auxiliando na acessibilidade a conceitos complexos e áridos da psicologia, psiquiatria, psicanálise e das psicopatologias em geral. O presente artigo propõe estabelecer uma primeira revisão bibliográfica, do ponto de vista qualitativo, com o objetivo de (1) elaborar uma fundamentação teórica robusta sobre o percurso histórico do cinema e o seu elo com a psicologia, além de (2) compreender o olhar da psicologia cognitiva sobre como a percepção é afetada pela experiência cinematográfica. Na interpretação de estímulos, segundo refletem os autores, somos capazes de produzir diversos significados conformadores. Se por um lado, os recursos cinematográficos acabam por nos aproximar da realidade na sucessão de suas imagens, por outro lado, referidas semelhanças cooperam para o processo de psicoeducação dos espectadores, possibilitando compreendemos os pressupostos teóricos dos processos mentais básicos e da interpretação fílmica e suas interfaces práticas diante das abordagens cognitivocomportamentais.

Palavras-chave: filmes; ciências cognitivas; experiência cinematográfica; psicoeducação; interpretação fílmica.